sexta-feira, 24 de novembro de 2017

Boas ideias geram economia em residenciais do Minha Casa Minha Vida

Soluções simples e de baixo custo ajudam a drenar a água das chuvas e a evitar erosão das encostas. Condomínios também ganharam estação de tratamento de esgoto



Em Atibaia, no interior de São Paulo, os condomínios Jerônimo de Camargo 1 e 2 implantaram quatro medidas para melhorar o dia a dia dos moradores e, sobretudo,  reduzir os impactos ao meio ambiente com a chegada de 700 famílias e quase 3 mil moradores nos blocos de apartamentos.
A mais simples dela foi a utilização da vaga verde para o estacionamento dos carros dos condôminos. Todas as garagens são cimentadas na área em que o pneu do carro fica sobre e contam com faixa intermediária de grama.  
A ideia, explica o engenheiro Guilherme David - um dos responsáveis pela obra -, é melhorar a drenagem do conjunto, evitando o acúmulo de água após as chuvas, descartando, assim, a existência de lama e água parada, que poderia contribuir para proliferação de mosquitos – entre eles o da Dengue.
Outra ação implementada diz repeito à pequena inclinação do terreno do condomínio (talude), que foi protegido com grama. A intenção é evitar erosão no local e ainda contribuir para a drenagem desses residenciais, a exemplo do que ocorre com as vagas verdes. Quando chove, a água escorre das áreas íngremes para as caneletas de drenagem. E a grama evita erosão nas encostas.

Os gramados consumiram nos dois residenciais 22,6 mil metros quadrados. Em todo o condomínio, o paisagismo feito espalhou quatro tipos de plantas diferentes, algumas delas com flores - pouso para pássaros e abelhas -, contrapondo à imagem concretada dos prédios.
“Aqui, a gente não vê somente uma ilha de concreto. Você vê árvore, vê besouro, beija-flor. Os residenciais trazem para cá um miniecossistema, que se não fosse o paisagismo não teria. Isso cria um ambiente mais leve para o condomínio”, ressalta o engenheiro Guilherme David.
O complexo também está preparado para enfrentar a escassez de água. Ele foi projetado com duas caixas d´água de 204 metros cúbicos e dois reservatórios inferiores, de 84 e 68 metros cúbicos, que são acionados automaticamente sempre que há risco de desabastecimento nos prédios.  Esse sistema de estoque garante o abastecimento dos residenciais por até três dias, caso acabe a água nas caixas elevadas.
“Há condomínio de alto padrão que não tem o que temos aqui. Quando a sustentabilidade é pensada desde o início do projeto, é possível viabilizar, porque você tem mais tempo de discutir, dilui o custo e consegue implantar da melhor forma. E são soluções simples, como a da grama”, avalia o engenheiro.


Estação de tratamento
Outro diferencial do condomínio é a estação de tratamento de esgoto, capaz de processar todos os dejetos e devolvê-los a um córrego próximo da vizinhança, com 98% de Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO).  Os conjuntos Jerônimo de Camargo 3, 4 e 5, que estão em construção e têm previsão de entrega para 2016, também terão estações de tratamento de esgoto próprias.
Na prática, 100% dos dejetos dos 700 apartamentos e da área comum dos prédios são direcionados para a estação, passam pelo sistema de gradeamento para separação de entulhos, seguem para a estação elevatória, onde se processa o restante do tratamento. Ao final do processo, o esgoto recebe dose de cloro, de acordo a legislação ambiental, retomando praticamente puro ao córrego.